sábado, 3 de janeiro de 2009

Reflexão de fim de ano ou para qualquer dia

Feliz Ano Novo!

Tantas mensagens, tantas palavras, tantos desejos e sonhos. Não quero repetir as mesmas palavras. Só quero questionar. Não precisa responder, apenas reflita.
Aqui está o que escrevi no folder do nosso consultório para inaugurar o novo ano.

Geralmente no final do ano nos damos conta das coisas que prometemos a nós mesmos e não cumprimos como: dietas, cursos, voluntariado, leituras, atividades esportivas, etc.. Também nos apercebemos dos relacionamentos que não aprofundamos, das pessoas que perdemos – voluntaria ou involuntariamente - e das novas pessoas que entraram na nossa vida e que podemos manter ou não. E de repente somos tomados de uma nostalgia daquilo que nos faz falta misturado com aquilo que não conseguimos de fato realizar. Sobra uma grande frustração que pode ser justificada por: “não tenho tempo, minha vida é muito corrida, meu trabalho consome minha energia, não durmo direito, estou doente, muita gente depende de mim e eu estou em último lugar, etc.”. No fundinho do nosso coração sentimos uma grande dívida conosco mesmos. Essa reflexão é para mim e para você.
Não se trata de renovar nossas promessas ou reavaliar sonhos. Trata-se de conectar meus desejos com as minhas possibilidades, ou seja, buscar a conscientização do que realmente tem significado para a minha vida. Tem a ver com quem sou e o que eu preciso. Como funciono? O que me dá prazer? Quantas horas preciso dormir? O que me aborrece? Abro mão do que me é importante? Em quais situações não consigo dizer não? Ou: como digo não? Sou agressiva? Afasto as pessoas? Carrego um baú de culpas? Sou muito exigente com os outros? E minha auto-estima está equilibrada? Penso de mim do mesmo jeito que os outros? Afinal, por que não consigo me realizar? O que me paralisa? Por que não consigo sentir amor por tal pessoa? Etc., etc., etc..
Muitas vezes nos vemos patinando no mesmo lugar e ao mesmo tempo com medo do tempo que não pára. Dá um calafrio só de olhar para a própria idade e observar que não se sabe como prosseguir.
Isso acontece em qualquer idade. O jovem pode pensar: “vivi 17 anos e agora o que eu vou ser? Qual profissão seguir? Aonde vou me realizar? Só conheço profissões que não me interessam.
Um adulto pode se assustar com tudo o que não fez ainda ou vir que o que fez já não tem mais tanto sentido. Talvez já tenha perdido a função, sente-se insatisfeito e é necessária uma urgente mudança. Mudar o que e para onde?
Esse é o papel da terapia... Conduzir a tomada de consciência na busca de uma qualidade de vida melhor. Alguns dizem: “Ah, mas é muito estranho ir conversar com um estranho.” Este “estranho terapeuta” é aquele que pretende te acompanhar nos labirintos da tua alma, com cautela, indo à frente em determinados momentos, com delicadeza, iluminando o caminho para que você veja onde está pisando. Este “estranho terapeuta” pretende ser convidado à sua intimidade. É aquele que leva uma lanterna na mão e uma caixa de lenços de papel na outra e em determinados momentos põe os dois no chão e oferece seu “colo”.
Não prometa fazer terapia em 2009. Seria mais uma promessa de fim de ano que se tornaria uma auto cobrança. Apenas pense na utilidade de ter uma hora na semana para olhar para o seu labirinto, suas dores e anseios junto com alguém que pode se tornar seu espelho. Aquele que refletirá sua imagem límpida e mais real possível. É quem pretende aos poucos deixar de ser um estranho para ser um companheiro de mergulho ao encontro do seu eu mais profundo.
Feliz 2009!